segunda-feira, 21 de julho de 2008


Malvaviscos vermelhos em jarra de leite
abril 1997
aquarela e bico de pena sobre papel - 170 x 235 mm

Na aquarela, a cor branca é dada pelo próprio papel, deixando-o sem preencher com cor. Na pintura acima o branco participa na composição, ora como figura, ora como fundo. Na jarra ele funciona, em um trecho, como reflexo de luz e ganha essa qualidade pelas manchas de cor que lhe são adjacentes. E ao redor da imagem total, funciona como fundo, área para onde pode se expandir a imagem.
As cores da aquarela tem a condição básica da transparência, isso significa que manchas de cor colocadas sobre outras geram novas cores e quanto mais diluída a tinta, mais claro o tom da cor.
Tenho preferido aplicar a cor pura diretamente ao papel, deixando que se funda na tela. Na imagem acima, ainda fiz algumas misturas na paleta, como os cinzas que aparecem, mas atualmente toda mistura tem sido feita diretamente no papel, uma cor sobre outra ou mistura das tintas ainda úmidas.

domingo, 13 de julho de 2008


Esta primeira imagem é um desenho a pastel sépia, feito a partir do natural,
de um ramo de girassóis. Assim: olhei pra ele e desenhei. Foi feito em 1999
e tem as dimensões de 435 por 318 mm. Busquei captar no desenho
a força , os movimentos, ritmos e ao mesmo tempo a fragilidade
que me impressionavam nas flores. A questão da cor foi tratada na memória,
já que usei uma única cor (sépia).
A partir deste desenho imaginei fazer algumas pinturas a aquarela.
E como o desenho me parece muito fiel àquelas qualidades que buscava expressar
e que me impressionaram, julguei que seria melhor reproduzir o desenho tal e qual.
Isto é um pouco difícil , pois trabalho na aquarela sem riscar o papel previamente,
não uso grafite e faço o desenho diretamente com a tinta. Portanto criei um stencil
(um molde vazado) que me ajudasse a marcar alguns detalhes fundamentais
e a partir deles, trabalhar com a cor mais livremente.



Fiz algumas experiências das quais mostro alguns exemplos a seguir.







Nenhum deles me satisfez, pra falar a verdade achei péssimos
e acabei chegando à conclusão de que o tal stencil seria útil apenas para pintar panos de pratos. Quem sabe um dia...

Larguei stencil , peguei papéis e tintas, coloquei o desenho à vista
e fiz o mesmo que fiz com o ramo de girassóis, olhei e pintei.
Porém, olhar, é preciso que se diga, inclui escolhas e escolhi alguns elementos
que julguei mais interessantes, a saber: as formas de algumas linhas,
as relações entre algumas formas no espaço, os desenvolvimentos de certas direções
e tendências de deslocamentos do olhar indicados pelas formas.
As cores busquei na memória ou simplesmente joguei com as possibilidades dadas
pelas cores colocadas na tela.
Em todas as quatro telas construí a imagem partindo de um diálogo entre partes.
Não me ative às formas no desenho que usava como modelo,
mas como elas se desenvolviam na tela a pintar.
Poderia dar algumas indicações do que olhar em cada uma das telas,
mas vou preferir me calar e solicitar apenas que olhe demoradamente
e de todas as maneiras que puder inventar. Talvez assim as imagens se desenvolvam em muitas descobertas. Bom proveito


Girassóis I - aquarela sobre papel - 240 x 330 mm


Girassóis II - aquarela sobre papel - 240 x 330 mm


Girassóis III - aquarela sobre papel - 240 x 330 mm


Girassóis VI - aquarela sobre papel - 240 x 330 mm